Agora estamos no novo ninho
onde há muito amor e carinho
e temos uma vista espetaculher
minha musa, deusa e mulher,
minha alma andante e bela,
minha feiticeira desnuda
e que bem estás ai á janela,
ai de mim quem me acuda
que tanta beleza me mata
e lá ao fundo o mar de prata
numas ondas tão amainadas
e vamos até lá dar um mergulho
e mais de mil sereias encantadas
também se hão-de meter ao barulho,
atirare-mo-nos às águas fresquinhas
e não a cotovia não está confusa
está de ideias bem atinadinhas
e se conigo catraia não alinhas
só te digo que é o que vais perder
e eu estou-me a rir a valer
enquanto tu sorris no parapeito
dessa janela que até é oval
e o teu rosto tão perfeito
já está gravado na digital
e não me sairá mais da retina
pois tua doce alma é minha
ou será a minha que é tua
ou as duas felizes nesta casinha
onde nos virá beijar a lua
na noite de puro misticismo,
e aqui se dirá a poesia nua
com odes de puro heroismo
e pelo amor nosso fanatismo
e pode vir até um cataclismo
e o mais demolidor cismo
que esta casa feita na rocha
não cederá nem abrirá frestas
e continuará acesa a tocha
e aqui daremos grandes festas
com todas as musas do reino
e a deusa anciã lá no trono
e estas nossas fieis aias
que nos seguem todos os dias
tão belas e sorridentes catraias
ansiando por mais alegrias
e mais libertadoras poesias...
mas que grande festa esta
na nossa novissima casa
e a paz que aqui se manifesta
e a loucura que do peito extravasa
e esta doida cotovia bem bate a asa
e tu não resistes e volteias
e ficas presa nas minhas teias
e deixas sair a melhor trova
do teu coração aprimorado
e com esta lira que é nova
o som mágico não se faz rogado
e todas cantamos e bailamos
e do que se passa cá deste lado
momentaneamente nos esquecemos...
e a tua menina mui embevecida
dá-te um beijo tão apaixonado
que a tua alma fica derretida...
e nos rostos sorrisos rasgados
e uma felicidade que não tem fim
vem aos corações extasiados
no aroma do celestial jardim
trazido por um alado querubim
e tudo dorme e serena enfim!!!
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Esta cotovia é doida
e risca os céus cósmicos
na sua nave aguerrida
e depois dá risos cómicos
quando passa pelos radares
e nunca é detectada, nada,
que esta cotovia sem tino
consegue ludibriar os sensores
e espalhar o poema cristalino
com os mais enebriantes odores
e trazer à tona os puros amores
e lá segue a sua rota qual cometa
de cauda muito, muito brilhante
e por fim vai-se poisar esta vedeta
na lua que é sua eterna companhia
e ai se restaura até vir novo dia
e a lufa-lufa e a correria e a ode
desgovernada sempre a querer sair
e andar a passear no infinito azul
com esta musa sempre a sorrir
e a voar também do norte ao sul
e esta ciclo vocioso e a roleta
do coração amoroso e a violeta
no nosso caminho a dar-nos alento
para seguir até contra o vento
e deixar para trás ficar o lamento
e por agora mais não invento
pois o outro ninho está sedento!...