Poesia da Cotovia

domingo, março 19, 2006

"A PRIMAVERA DA PAZ" (cont.)

capit. 3

O chão começava a ficar coberto de folhas que lentamente iam despindo as árvores que há pouco tempo tinham outro aspecto, outra beleza. Uma brisa varria as ruas por momentos para passado algum tempo as voltar a encher de folhas secas e amarelas, qual oiro reluzente.
Os jovens chegaram à cidade ao entardecer e observaram com tristeza a melancolia que havia naquelas ruas desertas. sob o ar pairava uma certa tristeza pondo aqueles dias em perfeito contraste com qualquer um dia de verão que se apresenta alegre e com um sol radioso. O colorido das árvores e dos jardins empresta-lhe toda a beleza. Naquela noite os jovens iriam descansar para de manhã cedo se levantarem e levarem a sua mensagem a todas as pessoas.

De manhã o sol veio iluminar as ruas mas já não o fazia com tanto brilho e intensidade. Nesse dia o movimento nas ruas era maior pois era dia de feira e atrai sempre mais gente. Num local obscuro onde os jovens iam a passar viram dois vultos a espancar outro indefeso e depois a fugir com o dinheiro roubado. Alguns jovens foram prestar auxilio ao homem no meio do chão enquanto os outros foram para onde havia maior concentração de pessoas e pegando num microfone proclamaram o seu slogan à paz: "não à guerra, sim à paz transbordante nos corações!..."e foram repetindo palavras de paz. Alguém perguntou ao José o que andavam eles a vender e o José explicou que não vendiam nada em concreto, mas que andavam a proclamar a paz e a semeà-la nos corações. E disse mesmo àquela pessoa porque é que não saudava e cumprimentava com um abraço de paz aquela outra pessoa que estava ao seu lado? Mas logo por ironia essas duas pessoas não se falavam e a outra achou que era um estratagema para ficarem amigos e gerou-se um clima de tensão.
- Calma, nós não sabiamos de nada. Acabamos de chegar aqui e apenas proclamamos a paz pelo mundo fora, porque este mundo podre e corrompido precisa de novas roupagens mais alegres e coloridas... este mundo devia ser uma bola gigante onde todas as pessoas dessem as mãos fraternamente como irmãos, encarando-se frente a frente a frente sem ser um olhar de esguelha, a medo, mas um olhar verdadeiro, olhos nos olhos sem uma pontinha de ressentimento, sem ódio e sem máscaras de hipócrisia... toda a gente teima em guardar rancor, em ser orgulhosa... mas é preciso saber perdoar e ajudar os outros que cometem erros a modificarem-se... e nós, mesmo sabendo que estas lutas serão em vão, não nos cansaremos de dar hinos à paz e apregoar a reconciliação. Sim amai-vos, reconciliai-vos uns com os outros, pedi perdão ao vosso irmão e dai o que houver de melhor no vosso coração que é o amor! Só assim podereis estar bem convosco próprios e com os outros. E enquanto não estiverdes de bem com toda a gente não tereis a paz por inteiro, nem haverá harmonia nem equilibrio totais em vossa vida... vá dai as mãos e fazei as pazes com o vosso irmão, deixai de lado esse orgulho estúpido...
O dono daquela tenda tirou o microfone das mão do José e empurrou-o todo irritado:
- Vão-se embora daqui com essas tretas, que isso a mim não me dá lucro nenhum!... xou, embora antes que eu chame a policia!

Os jovens retiraram-se dali um pouco tristes por não serem compreendidos, mas não desanimaram e continuaram cheios de fé e esperança. Um dia a paz havia de sair vencedora! (cont.)

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Primavera à vista!...
Ei-la que está a chegar
e depois não há quem resista
e não se perca a sonhar
ao ver as flores multicolores
e as borboletas a esvoaçar
e as abelhas nas flores a bailar
e a sinfonia campestre
e o convite aos amores...
e na tela mágico mestre
traduz tão bem essa cena,
e por entre os malmequeres
ao fim da tarde amena
um parzinho de mulheres
de mãos de ternura dada,
e o sol rubro a declinar
deixa a alma extasiada
e a lua o olho a piscar
e um beijo tão doce e terno
tornam o momento eterno!

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MINUTOS DE SABEDORIA

SAIBA viver os belos momentos de sua vida.
Aproveite os minutos de alegria, sem pressa de novamente mergulhar nos trabalhos agitados.
Goze amplamente seu repouso espiritual.
Olhe a paisagem, contemple as estrelas, aprecie os caprichos da natureza, colha em todos os canteiros as flores de alegria!
Saiba viver integralmente os belos momentos de sua vida!

NÃO se deixe arrastsr pela vaidade.
Aprenda a conhecer-se.
Não se julgue indispensável.
Quando lhe vier a tentação de julgar-se insubstituível, lembre-se de uma verdade irrefutável: só Deus é indispensável.
Não se envaideça!
Deus, que é grande, não assinou nenhuma de suas obras...
Não se esqueça: quem se exalta será humilhado, mas quem se humilha será exaltado.

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"Pelo sonho è que vamos."

No decorrer dos séculos,
a História dos povos não passa
de uma lição de mútua tolerância,
e assim, o sonho último será
envolvê-los todos
numa ternura comum
para os salvar
o mais possível da dor comum.

ÉMILE ZOLA
(1840-1902)

Se levanto a cabeça,
Contemplo a Lua.
Ao baixá-la -
Sonho com a terra natal.

LI BAI
("Pensamentos Nocturnos", Séc. 8)

Vamos lá contemplar a lua
tão feiticeira e nua
que é minha e é tua
e trás a paião nua e crua
bem para o meio da rua
deste nosso grande sonho
onde tudo é muito risonho
e ela nos aperta a mão com ternura
e a paz inteira na alma perdura!

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Já é quase primavera,
logo ao por do sol rubro
ela virá numa quimera,
e eu de odes te cubro
por vires também com ela
musa que estás à janela
e vais vir qual borboleta
e tua alma de poeta
aqui virá aportar
e o meu olhar a brilhar
quando vir tuas canduras
na noite pura de luar
e tuas mãos dedilhando ternuras
e os anjos a entoar hinos
dos lábios sábios e cristalinos!

Não te escondas atrás das correrias
e vem num momento de descontracção
recobrar todas as tuas energias,
deixa livre, leve e solto o coração...
vem, trás a primavera na palma da mão
e sopra-a para aqui de mansinho
para este sonho que quero grandioso
em troca levas um mar de carinho
e um sorriso de paz mui amoroso!

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Quero prender-me nesse mar
que há nos teus olhos meigos
e ver o sol lá a brilhar
enquanto lês clássicos gregos...

E dos teus lábios tão sábios
brotam as palavras mais belas
e serpenteiam os longos rios
na fúrias daquelas tragédias...

Por fim poisas o velho livro
e com um sorriso me atrais...
acaricío o teu rosto negro,
perco-me em teus olhos fatais!

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Um ramo de flores silvestres
vou collher para as princesas
e pedir aos melhores mestres
que nas telas ponham framboesas
e amoras e mil cestas cheias
de amor e luas feiticeiras
e as meninas ao contemplar
queiram ir para as brincadeiras
na primavera que está a chegar!

Boa noite e tudo, tudo de bom
na vida que vai ter outro tom:
a primavera no inconfundivel
e majestoso e apoteótico som
e a paz vai ser indescritível!